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domingo, 23 de agosto de 2015

Food for Thought literalmente... E um prato que torna qualquer ser humano mais evoluído!

Essa semana fui assistir uma palestra na USP de São Carlos, em ótima companhia, da professora Suzana Herculano-Houzel. Não só porque ela é ótima cientista e grande divulgadora da ciência (e suas dificuldades) no país, mas também porque ia falar sobre duas coisas que eu adoro ao mesmo tempo: evolução e alimentação!

National Geographic
Ou, mais precisamente, o que nos faz - ou nos fez - humanos? Afinal, nosso cérebro é bastante grande para o tamanho do nosso corpo, consome muita energia comparado ao seu tamanho e tem o córtex cerebral mais densamente povoado de neurônios.

De acordo com estudo de 2012 da Dra. Herculano-Houzel (que desenvolveu um novo método para contar neurônios chamado apropriadamente de "sopa de cérebro") essas diferenciações no cérebro humano, que aconteceram mais ou menos a 1,8 milhões de anos atrás, podem ser ligadas diretamente à inovação de cozinhar.

Cozinhar, isso sim foi o que nos tornou humanos. Um gorila, o maior dos primatas, que se alimenta de alimentos crus, tem que comer 10 horas (!) por dia para manter sua massa corpórea. O cérebro, grande consumidor de energia, continua pequeno para seu tamanho corporal devido à essa limitação calórica. Para os demais primatas a relação é a mesma. Em resumo, não dá pra manter corpo grande e cérebro grande comendo alimentos crus e tendo no máximo 10 horas para comer.

Isso porque quando ingerimos alimentos crus nós conseguimos de 30% a 40% do seu potencial nutricional enquanto, ao cozinhar, nós chegamos a conseguir 100% do potencial energético do alimento. Aplicar o fogo ao alimento torna as fibras mais amolecidas, libera sabores, e torna mais rápido o processo de mastigação e digestão. Esse ganho na nutrição fez com que nossos antepassados passassem menos tempo comendo, conseguindo mais calorias! Essas calorias extras nos permitiram ter um cérebro muito maior que hoje consome 25% de toda caloria que você ingere! O tempo extra, que antes era gasto na busca por comida e mastigando, podia agora ser gasto com coisas mais interessantes como o desenvolvimento da cultura, da arte, da tecnologia...

O irônico é que hoje em dia basta ir à uma rede de fast food para, em 15 minutos, consumir todas as calorias necessárias em um dia... E qual a consequência? Aumento de peso. E qual a solução? Comer alimentos crus (vai uma saladinha aí?).

Bom, o artigo termina por aqui. Mas queria deixar outras duas coisas interessantes que vi essa semana, que valem a pena ser vistas neste domingo:

Trendwatching: quais são as 15 inovações de 2015 com potencial para ser realmente disruptivas?

Momento fofura: ilustrações fofas que mostram pequenos (grandes) gestos de amor! #partiupraticar.

Referências do texto:
http://www.ted.com/talks/suzana_herculano_houzel_what_is_so_special_about_the_human_brain
http://news.nationalgeographic.com/news/2012/10/121026-human-cooking-evolution-raw-food-health-science/
http://www.pnas.org/content/109/45/18571.full.pdf
http://www.suzanaherculanohouzel.com/lab


E, claro, vamos celebrar a estupidez, ops, evolução humana!

Macarrão ao Molho Cremoso de Funghi


@funfactsforfoodies

225g (meio pacote) de macarrão
225g de cogumelo portobello em fatias (ou um pacotinho de funghi secchi hidratado).
2 colheres de sopa de manteiga
2 dentes de alho picados
1/3 xic de vinho branco
1 xic de creme de leite fresco
1/2 xic de caldo de legumes (ou outro da sua preferência)
1 colher de sopa de vinagre balsâmico
Sal e pimenta do reino
Queijo parmesão para servir

Prepare e escorra o macarrão. Adicione a manteiga à panela, adicione os cogumelos, o alho e refogue. Adicione o vinho, o creme de leite, o caldo de legumes e o balsâmico e deixe ferver por uns 10 minutos até que o molho fique mais encorpado. Tempere com sal e pimenta. Sirva o macarrão com o molho e queijo parmesão ralado por cima.
Obs: se estiver usando o funghi secchi hidratado, faça o caldo de legumes com a água coada da hidratação para dar ainda mais sabor.

Essa receita eu tirei do ótimo Food52. Inspirador!

@funfactsforfoodies





domingo, 21 de junho de 2015

Hoje é Domingo! E tem Mousse de Chocolate com Creme de Mascarpone e Baileys!

Delícia! O domingo começou super bem! Com uma xícara de chá e um livro novo: A Insustentável Leveza do Ser, do Milan Kundera. Estou nas primeiras páginas mas já estou amando! E todo mundo que leu comenta que gostou também. E você? Já leu? Quer começar a ler pra gente comentar junto?

"Digamos, portanto, que a ideia do eterno retorno designa uma perspectiva em que as coisas não parecem ser como nós as conhecemos: elas aparecem para nós sem a circunstância atenuante de sua fugacidade. Com efeito, essa circustância atenuante nos impede de pronunciar qualquer veredicto. Como condenar o que é efêmero? As nuvens alaranjadas do crepúsculo douram todas as coisas com o enquanto da nostalgia; até mesmo a guilhotina."

Será que é por isso que a gente esquece as coisas rápido? Está mesmo tudo perdoado por antecipação? E, tudo é, portanto, cinicamente permitido?




Essa semana o ex-presidente Lula resolveu responsabilizar alguém - não ele, claro - pelos infortúnios (vamos ser educados) pelos quais o partido dele - e o país (nem se fala) têm passado. E sobrou para a presidente que ele ajudou a eleger. Vem reeleição por aí?


E a carta psicografada da Cassia Eller diretamente from the hell? Morri... As pessoas estão loucas? Já logo imaginei ela numa cena da novela "A Viagem". Não merece. Muito menos a família.


Falando de coisa útil... Super legal a pessoa querer ter uma startup pra chamar de sua... Bem Millenials e talz. Mas a maioria dessas pessoas ignora as estatísticas, e acreditam no modelo Zuckerberg, ou seja, basta uma ideia brilhante e um pouco de sorte para se tornarem bilionários - de preferência da noite pro dia. A realidade: mais de 80% das startups não sobrevive aos 18 primeiros meses. O "como" fazer continua sendo o mais importante. Não sua ideia brilhante.


Mas legal mesmo é que a temporada do MasterChef Brasil está pegando fogo, ficou bem com cara de reality mesmo, e o negócio é ver o circo pegar fogo. Sim, porque alguém justifica Iranete e Aritana ainda estarem lá? Iranete sempre me irrita, Aritana eu gostava dela (adorava a atitude dela) mas agora acho ela bem... oportunista e covarde... Estou sem preferido, adorava a chinesa mas ela não dá mais uma dentro. Gosto do Fernando, embora tenha mixed feelings com relação à atitude... E você, tem preferido? Não sei do que eu gosto mais... Se do programa ou dos comentários do twitter...


E hoje... Por qualquer motivo... Que tal um mousse de chocolate?


Mousse de Chocolate com Creme de Mascarpone e Baileys

3 ovos (orgânicos por favor)
100g de açúcar refinado
300g de chocolate meio amargo quebrado em pedaços
125g de manteiga sem sal
500ml de creme de leite fresco
Cacau em pó para finalizar (opcional)
200g de queijo mascarpone
75ml de Baileys (ou Amarula)
30g de açúcar refinado



Bata os ovos e o açúcar na batedeira por, pelo menos, 10 minutos. Eles vão virar uma espuma branca e bem aerada. Enquanto isso derreta o chocolate junto com a manteiga em banho maria. Passados os 10 minutos, sem parar de bater, misture o chocolate aos ovos num ritmo constante de quantidade e velocidade. Desligue a batedeira e bata o creme de leite até ele ficar numa consistência de chantilly mole. Junte, misturando gentilmente à mão, ao mousse. Deixe gelar por pelo menos 1h antes de servir.
Creme: misture o marscarpone, o açúcar e o Baileys à mão. Ele vai ficar líquido no início mas milagrosamente vai encorpar logo em seguida. Sirva o mousse gelado com o creme por cima e finalize, se quiser, com cacau em pó. Se quiser conhecer mais sobre o chocolate... Tem esse post aqui!!!



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Risotto de Frango, Funghi e Alecrim - ou aquilo que você tiver na geladeira!

Sem história e ciência dos alimentos hoje. Essa receita é só pra você aproveitar aquilo que está sobrando na sua geladeira nestes dias de carnaval! Ou seja, pode substituir qualquer ingrediente pelo que você tiver. Só mantenha as proporções de arroz e caldo! Neste caso o reaproveitamento é de frango assado! Essa receita foi inspirada em uma que eu encontrei no ótimo site Oui Chef!

foto VECB


Risotto de Frango, Funghi e Alecrim

1 xícara de arroz para risotto
2 xícaras de caldo de galinha
2 xícaras de caldo do cogumelo (que você consegue após reidratar o funghi. Caso não vá usá-lo, substitua por mais 2 xícaras de água no caldo de galinha)
1 talo branco de alho poró
25g de funghi secchi
1/2 xícara de parmesão ralado
1/4 xícara de vinho branco seco
1 colher de chá de folhas de alecrim picadinhas
1 a 2 xícaras de frango assado picado
4 colheres de sopa de manteiga
Azeite
Cheiro verde picado (opcional)

Coloque o cogumelo numa tijela e cubra com 3 xícaras de água quente. Deixe reidratando por 30 minutos. Recolha o cogumelo, sem dispensar a água, e esprema-o. Coe o líquido para que não haja risco de ir alguma terrinha para sua comida.

Numa panela grande coloque um pouco de azeite de oliva e duas colheres de sopa de manteiga e adicione o alho poró picado. Cozinhe-o até que fique translúcido e adicione o arroz. Continue fritando  até que o arroz esteja bem coberto com a mistura de manteiga e alho poró e adicione o vinho branco. Continue fritando até que o vinho tenha evaporado. Enquanto estiver cozinhando o risotto, vá controlando o fogo para que não demore nem demais e nem de menos para que os líquidos evaporem.   Em geral, aquela boca menor do fogão, em fogo alto, funciona bem. Adicione uma xícara do caldo e vá mexendo sempre até que essa xícara evapore. Vá repetindo esse processo até que o arroz atinja a textura desejada (al dente), alternando caldo e líquido do cogumelo. Mais pro final do processo adicione o frango e o cogumelo. Quando estiver bom diminua o fogo, adicione o restante da manteiga, o parmesão e alecrim. Misture bem, desligue o fogo e deixe descansar uns dois minutos antes de servir.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pudim de Caramelo - e o Caramelo

A caramelização é o nome dado à reação química que ocorre quando qualquer açúcar é aquecido ao ponto em que suas moléculas começam a sofrer quebra. Essa "destruição" dispara uma cascata de reações químicas. De um tipo de molécula único sem cor, sem odor, em forma de cristais doces, o cozimento gera centenas de novos e diferentes compostos, muitos deles pequenos fragmentos que são amargos ou azedos, ou intensamente aromáticos, outros grandes agregados sem sabor mas com uma profunda cor marrom. Quanto mais o açúcar é cozido, mais escuro ele se torna e mais amargo ele fica.


Em geral, para preparar o caramelo adiciona-se açúcar e um pouco d'água. E qual o propósito de se adicionar água? A água permite que o açúcar ferva de forma gradual. Cozinhar o açúcar sem água pode facilmente queimá-lo. Além disso, com água o cozimento do açúcar se prolonga, dando mais tempo para as reações acontecerem, desenvolvendo um sabor mais acentuado.

Quando o açúcar é cozido com ingredientes que incluem proteínas ou aminoácidos - leite ou creme de leite, por exemplo - daí em adição à verdadeira caramelização, alguns dos açúcares participam, com as proteínas e aminoácidos, de reações (reação de Maillard - veremos em mais detalhes em um post apropriado) que produzem um grande espectro de compostos e um aroma incrível: é o caso do nosso pudim.

A palavra caramelo vem do latim calamus, que significa cana, palha. A associação provavelmente tem origem na semelhança da cor do caramelo com a cor da palha da cana. Aliás a palavra italiana calamari (lula) tem a mesma origem! Provavelmente porque, assim como o caramelo, a pele da lulinha também é marrom!

Pudim de Caramelo - do ótimo Oui Chef!

VECB
2 xícaras de creme de leite fresco
1/3 de fava de baunilha (ou uma colher de chá de extrato)
1/2 xíc de açúcar
3 gemas de ovos
1 pitada de sal marinho

Aqueça o forno 150oC (médio-fraco). Coloque o creme de leite numa leiteira ou panelinha. Raspe as sementinhas da baunilha e adicione ao creme de leite junto com a fava. Em fogo baixo aqueça o creme de leite.

Reserve duas colheres de sopa de açúcar. Coloque o açúcar restante + 1 e 1/2 colher de sopa de água numa panela e leve ao fogo médio. Mexa com uma colher até o açúcar dissolver. Depois aumente o fogo e não mexa mais com a colher. Mexa a panela ocasionalmente até formar o caramelo. Leva uns 5 minutos. Fique de olho: uma vez que o caramelo começa a ficar marrom, é rápido o processo e o caramelo pode queimar. Diminua o fogo para médio e adicione, aos poucos, o creme de leite sem a fava. Lave a fava e jogue no pote de açúcar! Cuidado. O creme de leite ferve e tende a transbordar. Vá aos poucos. Quando tiver colocado todo o creme e a mistura voltar a ferver, desligue o fogo e deixe esfriar por 10 minutos.

Enquanto isso misture o açúcar restante e a pitada de sal aos ovos. Depois de passados os 10 minutos adicione uma colher ou duas aos ovos para temperá-lo. Colocar toda mistura de uma vez pode cozinhar os ovos. Gradualmente vá adicionando o resto. Mexa com cuidado, com uma espátula, para não formar muita espuma. Distribua a mistura em 4 ramequins e leve-os ao forno em uma assadeira com água até a metade dos potinhos (banho maria). Se gostar de caramelo salgado, adicione mais alguns grãozinhos de sal em cima. Deixe assando por 1h e 15 minutos. Depois de pronto deixe na geladeira por 3 horas ou, melhor ainda, de um dia para outro.